"Sim, senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam. Prosterno-me diante delas. Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas." P. Neruda.




quinta-feira, 26 de julho de 2012

teu nome





Teu nome tem dado menos as caras por aqui, e só por isso tomei coragem para escrever. É que antes ele me trazia abrigo e ultimamente, vazio e tempestade. E não é que ele tenha ido, mas tem se esvaído por entre estes dias ímpares. Teu nome, antes impregnando o ar de sonoridade em meu peito, tem se tornado um eco cada vez mais distante na minha sonata. Teu nome está nas frestas e na correspondência, mas procura agora se ater ao fundo das cores e das coisas. Eu tenho escondido teu nome tão bem da minha boca, que ela o tem sussurrado e beijado menos. Teu nome tem tocado menos também a minha saliva e seu visco. Teu nome, que já foi urrado pelo meu peito, foi dorso da mão deslizando em teu rosto, cantiga de infância ressonando meus medos. Teu nome tem feito menos companhia aos meus sorrisos, estes que têm aparecido aos poucos, vencendo a murros várias faltas renovadas. A ausência cada vez mais ampla do teu nome tem explorado a casa, os lugares conhecidos, a mesa posta para um. Pode parecer loucura tentar desdizer teu nome dizendo tanto sobre ele, como agora. Mas você vai me entender: é que teu nome agora machuca menos, e por isto, pode ser escrito. E, embora não pareça, esse não é um excerto sobre o desaparecimento lento do teu nome em minha pele; é sobre a ação do tempo por entre dias sem teu nome, a desaparição de alguns tons, e aurora de outros sons vibrantes em minha língua, que me enchem de esperança, uma mínima apreensão e comedida dose de encanto; me excitam, amedrontam e borbulham, mas que eu ainda não sei como chamar.