"Sim, senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam. Prosterno-me diante delas. Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas." P. Neruda.




segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Circus Parking





Seu Benedito
tem uma mágoa: não entender.
Culpa a tudo e todos por isso:
à promiscuidade do carnaval
à vida difícil do trabalhador
aos que têm e não dividem
ao trânsito, aos jovens sem rumo
às condições climáticas da segunda-feira.

Seu Benedito
calejou os olhos e o coração aberto.
Não sabe mais ver além do olhar-comum.
Não percebe as cores entre a fuligem,
ou o sorriso sincero de um viajante.
Não é culpa dele. (Ou é?)

Seu Benedito
não mais vê
que há certas belezas da vida
por trás da selva, do cinza, da relva.
Que estão lá, apesar de qualquer pesar,
para quem tiver olhos e coragem de olhar.

Às vésperas do carnaval,
Seu Benedito só vê as cinzas
da quarta-feira que ainda virá.

.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Hagıa Sophıa





Fosse um sonho bom

e não serıa melhor:
Istambul é o berço
de todas as cores.

Noıte frıa e dança típıca.
'A base de narguılé
pensatıva que sou
me perco em fumaça

É de mım:
por um lépıdo
(mas exıstente ınstante)

Es
      tou
               blue.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

In[tento]





Moro na nuvem mais alta.

viver
é entre a queda e o chão:

o voo.

(O mundo
de ponta-cabeça;
do lado certo
eu caio,
eu subo)


Minhas asas assim:

de experimentação.