"Sim, senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam. Prosterno-me diante delas. Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas." P. Neruda.




segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Circus Parking





Seu Benedito
tem uma mágoa: não entender.
Culpa a tudo e todos por isso:
à promiscuidade do carnaval
à vida difícil do trabalhador
aos que têm e não dividem
ao trânsito, aos jovens sem rumo
às condições climáticas da segunda-feira.

Seu Benedito
calejou os olhos e o coração aberto.
Não sabe mais ver além do olhar-comum.
Não percebe as cores entre a fuligem,
ou o sorriso sincero de um viajante.
Não é culpa dele. (Ou é?)

Seu Benedito
não mais vê
que há certas belezas da vida
por trás da selva, do cinza, da relva.
Que estão lá, apesar de qualquer pesar,
para quem tiver olhos e coragem de olhar.

Às vésperas do carnaval,
Seu Benedito só vê as cinzas
da quarta-feira que ainda virá.

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Um comentário:

Fabio Rocha disse...

Timing perfeito sua volta dessa viagem. :) Amazing. Bjs