Era pra dizer da pele, amor,
era pra contar do sorriso,
das noites insones pensando e se.
Era pra dizer do bourbon ruim
de um gole só, pra afogar a saudade.
Era pra falar da poesia.
Aquela originada
pela tua falta
pela tua procura
pela tua ausência em demasia.
Era pra abraçar longo e perto
tornarmo-nos brisa e centelha
enumerar de quantas galáxias,
quantos sóis de primavera,
quantas tempestades precisamos
para chegar até este pub insólito
nessa musical viela londrina.
(Não tão sãos,
mas dispostos a ser salvos.)
Era pra mostrar as pontes
das quais nos atiramos mil vezes
achando que o tal Amor não viria.
Mas o gim do dry martini era pouco
e havia volume faltando no jazz.
Humanos de corações imperfeitos
transpassados por flores e espinhos.
Indesculpáveis que somos,
perdemos tempo
falando do tempo.
Esse mesmo que passou,
enquanto choviam-nos setas
E enquanto o amor
esse bandido, de arma em punho,
e fugas mais fantásticas que as de Houdini
escorria-nos, lépido, pela esquina.
Um comentário:
Meu aplauso.
Ao poema e ao amor, "esse bandido".
O gim do dry martini é sempre pouco
e o volume no jazz... não sei.
Flores!
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