"Sim, senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam. Prosterno-me diante delas. Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas." P. Neruda.




quarta-feira, 13 de julho de 2011

Espaços


Vejo um filme
faço um poema
leio, planto bananeira
escorro pela esquina
discorro com a chuva
afago o gato que não tenho
ponho comida pro cão
planejo uma viagem
um trabalho voluntário
um chá de jasmim e anis
suicídio em fim de tarde
(logo eu, que amo a noite).
Roo unhas,
caço pontas duplas no cabelo,
recorto em tiras, meias coloridas.
Rebato palavras não ditas
imagino conversas mal feitas
tento expiar [meus] erros distantes
(como se assim pudesse).
Ouço blues na varanda
enquanto não sei
se pulo, se espero.
Me desfaço em palavras
Rabisco. Escrevo.
Lavo a louça
brinco cores na paisagem
redesenho o fim da tarde.

Meu desejo de pôr qualquer coisa,
à minha volta.
Qualquer coisa
em seu lugar.

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