Você me obriga a escrever. Antes porque faz
queimar meu peito, porque me torna afoita, porque suscita em mim sentimentos
que ecoam. Reverbera agora em minha pele teu toque felino, teu aperto firme,
teu abraço denso. Você me obriga a escrever porque letra por letra, me arranca
adjetivos, os mais ternos e carinhosos. Os mais lascivos também. Gosto do teu
olhar por perto, do teu calor pulsante, da tua leveza incontida. Teu abraço me
enleva, me guia por onde antes eu não arriscaria; eu, que agora arrisco tudo.
Eu que pensei que não havia como parar o tempo, muito menos eternizar um
sussurro. Choveu e chovia enquanto nosso amor ia alto; noite pequena para tanta
existência. Nossas bocas se fundindo como encontro de rio e tempestade, sede,
morte e renascença. Você me obriga a escrever. Porque meus dedos procuram teu
corpo agora distante, e eletrizados, insistem em tocar as teclas, como se
fossem seus músculos, seus pelos. Suas músicas e suas ideias mexeram com minha
imaginação e agora eu sou assim, toda enleios. Como frutas e flores e pedras
molhadas, tua presença me lembra algo completamente natural e mesmo assim,
fenômeno de uma criação maior. Você me obriga a escrever porque me torna,
através da sua presença e da sua ausência, bicho inquieto, prisioneira do
desejo de traduzir teu nome em cada entrelinha destas linhas que agora brotam
do papel antes alvo, vazio e estéril. Você me obriga a escrever para lhe contar
das palavras inábeis em descrever o que agora sinto, enquanto te escrevo
grande, vermelho e profundo em meu peito, ao lado das mais belas memórias,
insensatezes e canções de ninar.
terça-feira, 13 de novembro de 2012
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