"Sim, senhor, tudo o que queira, mas são as palavras as que cantam, as que sobem e baixam. Prosterno-me diante delas. Amo-as, uno-me a elas, persigo-as, mordo-as, derreto-as. Amo tanto as palavras. As inesperadas." P. Neruda.




terça-feira, 8 de março de 2011

Que o tempo relate






Tempo é verniz.
Camada que protege da luz,
da incidência d’água
do calor excessivo.
Às vezes, é cura completa.
Noutras, apenas anestesia.
Pode também ser causa,
a própria doença.
(Como telefones que não tocam).
Tempo é água em que se diluem
a mágoa, o tédio, a memória.
É pedra na qual se esculpem
flores, animais, objetos inanimados.
Tempo é miopia protetora.
Pode também ser lupa poderosa.

De tempos em tempos subvertida
já me vi budista, gótica, fã da Shakira, comunista, controller, puta, santa, quase conformada.
(Hoje ouço Nina Simone).


O tempo não é relativo.
Nós é que somos.


2 comentários:

Fabio Rocha disse...

Tudo perfeito. Que bom vc de volta...

J.F. de Souza disse...

poderia dizer que o tempo é subjetivo.

mas
tudo que é subjetivo
somos nós